quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Acho anos 90 - pt2

DISCLAIMER: Eu ouvi muito lixo nos anos 90. Isso inclui Information Society e Double You. Isso significa apenas que 1. Eu era infant 2. Nem tudo que eu ouço é bom e nem tudo que é bom eu ouço. Nessa série de posts (que não sei quantas partes vai ter) vai se limitar a falar sobre o que eu acho que me influenciou ou influenciou o mundo. Vou ignorar tudo que se perdeu no buraco negro cultural, pra onde eu acredito que vai parar, por exemplo, o U2. Mas essa teoria do U2 eu explico em outro momento. Beijos, até breve.

A segunda metade dos anos noventa começou animada para nós, aqui, nessa terra tropical.

chico

95 e 96 foram anos que marcaram a carreira de bandas como Raimundos, pra citar os mais pesados, e Pato Fu, pra falar dos mais fofinhos. Junto com eles, zilhões de bandas de Minas, do Sul, de Brasilia e, mais especialmente, do Recife ganharam fama intergalática (segundo a minha visão adolescentística da época).

Raimundos

Com a ajuda da MTV, de algumas rádios universitárias e de selos independentes como Banguela, Chaos, Cogumelo e Excelente Discos, pela primeira vez eu ouvi roque nacional da minha época. Foi uma experiência bem bacana. Acho que foi ainda mais legal por ver tanta gente de tanto lugar e parar de ver a cultura ´jovem´ do Brasil como uma produto Rio-SP.

Gol de Quem

Nessa época eu conheci o Weezer, pelo até hoje maravilhoso clipe de Buddy Holly. Eu pirava no Rivers Cuomo de suéter minha gente. (Pirava?)

Weezer

Conheci também o Cardigans, pelo blockbuster LeonardoDiCapriano Romeo+Juliet. Claro que Titanic fez muito mais sucesso, mas tenho pra mim que quem lançou Leo no mundo das fantasias adolescentes foi esse romance batido. Digo, lançou Leo no mundo das fantasias das outras teens, porque no meu, ele chegou por Basketball Diaries.

Romeo+Juliet

Tudo ia muito bem para a música brasileira quando surgiram os Mamonas Assasinas. Mamonas foi um negócio muito incrível. Teve o poder de não somente ofuscar o que estava acontecendo como de simplesmente apagar tudo o que já tinha sido feito.

Mamonas

Eu jamais tinha percebido isso, até 2004, quando um dos produtores do show do Nada Surf (outra banda indie responsável pela boa música dos anos 90) comentou isso comigo. E hoje eu acho que ele tem toda a razão.

Realmente não me lembro de nada mais muito relevante daquilo que tava rolando... O Raimundos prevaleceu porque achou um jeito de se ´mamonizar´ sem perder muuuuuito a identidade. O Pato Fu, também deu uma ´semi-mamonizada´ logo depois disso, depois se recolheu e continua até hoje como uma grande banda pequena...

Para a sorte dos gringos, algumas dessas bandas que se destacaram nessa segunda metade dos anos 90 conseguiram se consolidar.. Weezer, Cardigans, Nada Surf. Estão todos aí, com seus altos e baixos, mas prevalecendo com dignidade suficiente.

Nos anos que se seguiram, eu vi os acontecimentos muito de longe... Eu tinha chegado na melhor parte da adolescência, vesti meu salva-vidas e fui viver isso como se deve... Passei alguns anos me importanto somente com os "babados e confusões" que tinha direito, com a minha "turminha louca" que estava a fim a penas de "aprontarmuitas confusões"...

Clichês de Sessão da Tarde a parte, eu tive uma adolescência de primeira e nas coisas que eu não tenho no meu currículo é a atividade de indie deprimido que fica no quarto ouvindo chororô de banda underground dos anos 90. Pronto, falei!

Mas enfim... Eu acabei deixando até bandinhas que eu gostava de lado, como meus guilty pleasures, porque meus amigos meninos eram metaleiros e minhas amigas meninas gostavam das 10 mais da Jovem Pan.

Os anos 90 acabaram pra mim em Porto Seguro, dançando a dança da manivela, regada a muito álcool vendido para menores de idade.

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É a vida, né?

Mas com o fim dos anos 90, vieram os provedores de acesso discado a internet, as madrugadas de IRC e a MP3, que nesse momento voltaram a viabilizar o consumo da música, afinal, o CD agora custava o dobro ou mais que isso.

A essa altura, pra mim também chegou a carteira de motorista, o trabalho, a facul a noite e o noivo... Isso acabou minizando o efeito internet na minha vida cultural.

Só mesmo em meados de 2002 consegui fazer o uso correto das possibilidades que se apresentavam.

Mas o assunto aqui é a década anterior, certo? Depois eu volto pra falar dos filmes, então.

domingo, 21 de setembro de 2008

Acho anos 90 - pt 1.

DISCLAIMER: Eu ouvi muito lixo nos anos 90. Isso inclui Information Society e Double You. Isso significa apenas que 1. Eu era infant 2. Nem tudo que eu ouço é bom e nem tudo que é bom eu ouço. Nessa série de posts (que não sei quantas partes vai ter) vai se limitar a falar sobre o que eu acho que me influenciou ou influenciou o mundo. Vou ignorar tudo que se perdeu no buraco negro cultural, pra onde eu acredito que vai parar, por exemplo, o U2. Mas essa teoria do U2 eu explico em outro momento. Beijos, até breve.

Acho que a minha primeira grande lembrança cultural dos anos 90 foi os Simpsons.

Passava na Globo, no fim de semana, se não me engano. Em 91, eu estava na quarta série e todos os meus amigos assistiam Simpons. Era uma chiva de camisetas, figurinhas e claro, The Simpsons Sing the Blues, com o hit Do the Bartman. Tocava em todas as festinhas.

Simpsons

Por causa dos Simpsons, veio a minha segunda grande referência dos anos 90. A família de Springfield parodiou um álbum que parecia ser um grande sucesso lá fora, com uma imagem do Bart nadando pelado atrás de uma nota de dolar.

Never Mind

Deve ter sido em 92, eu tinha 11 anos. Smells like teen spirit era definitivamente a coisa mais maldosa e pesada que eu já tinha ouvido em toda a minha vida. Eu fui uma criança criada a base de Tom Jobim e Chico, sabe. Fora isso, a minha mãe também ouvia muito Simone, Joana, Fagner, não era uma coisa "elitista". Ela gostava dos clássicos, mas também ouvia o que era sucesso no Cassino do Chacrinha. Tirando isso, eu só tinha contato com o que tocava no rádio, que em tempos de Plano Collor, ainda era muito resto do que as gravadoras tinham trazido dos anos 80.

Pra mim, Depeche Mode era o mais soturno e deprê que uma banda poderia ir. Eu tinha um Some Great Reward (tinha não... tenhoa até hoje... o mesmo) com musiquinhas alegres, mas também tinha Blasphemous Rumours. Imagina a minha cara de tacho quando ouvi Nirvana pela primeira vez...

Pra ajudar, no ano seguinte teve Hollywood Rock. Eu me reuni com o meu amiguinho Cássio pra ver a Globo transmitir uma banda superdivertida que tinha um baixista que tocava de cueca.

Flea

Aí apareceu um Kurt Kobain muito chapado mesmo. Eu NUNCA tinha visto alguém chapado de verdade em toda a minha vida. Só em filme. E em novela, se você considerar a Heleninha Roitmman.

Kurt

Poxa vida, eu tinha 12 anos e tava muito dificil de entender. Entender eu não entendi, não. Mas achei aquilo tudo muito alguma coisa. Não sei exatamente o que. Talvez agressivo, mas não exatamente. Só sei que achei muito. Não era como o Erotica, da Madonna, que eu totalmente incapaz de compreender por causa da idade. Eu sabia que era impróprio pra minha idade, mas mesmo assim aquilo falava comigo.

Voltando pra SP, (meu amiguinho Cássio morava em Rio Preto, eu estava lá com a minha mãe, de férias) fiquei com aquilo na cabeça, observando essa história do Nirvana caminhar. Aquilo tocava no rádio, cara... E não tocava pouco, não. Tocava MUITO. E vendia. Vendia no Carrefour e estava no display principal da área de CDs.

Em 93 eu ganhei meu primeiro CD Player. Daquele da Sony, que vinha compulsoriamente com um Canto da Cidade, da Daniela Mercury. Junto com o aparelho, comprei também alguns CDs, entre eles, Nevermind e In Utero, que tinha acabado de sair.

Never Mind

Acho que o Nirvana fez a minha estréia na adolescência. Acho que era isso que falava comigo naquele som, mas eu ainda não entendia. Era angústia adolescente. Em grande estilo, né?

No ano seguinte, em 94, o Brasil conhecia o Plano Real, voltava a saber o que era ganhar uma Copa do Mundo (a primeira que tenho lembranças de verdade) e estava sendo assolado pela primeira onda do pagode romântico. Era uma época de Negritude Júnior com roupas brilhantes, Alexandre Pires de bigodinho e casaco de pelúcia com estampa de dálmata (pimp style) e Art Popular vestido de Ku Klux Klan (oi?) fazendo pirotecnia nos palcos da periferia de SP. Isso foi antes dos personal stylists e dos Armani dominarem essa galera... Era engraçado, vai?

Mas voltamos ao que interessa. 94 foi o ano que chegou a MTV na minha casa. Junto com ela, veio o Beck.

Na 7a série eu tinha amiga chamada Fernanda e ela adorava o Beck.

Beck

Você lembra da cara do Beck em 94?

Ele parecia com todos os meninos da minha escola. Só era mais branquelo. De resto, era a mesma coisa. A mesma roupa, o mesmo cabelo, a mesma magriça.

Eu achava o Beck muito doido, mas ele era comum. Poderia estudar comigo. Essa altura do campeonato ele tinha uns 20 e poucos, mas parecia ter 15, vai?

Aquela música (Loser) era a coisa mais não convencional que eu já tinha ouvido:

Tinha uma viola country.
Tinha uns sons que pareciam as músicas que tocavam nas lojas que as minhas amigas compravam aquelas porras daquelas saias indianas.
Tinha um branco fazendo rap. O último branco fazendo rap que eu tinha lembrança era o Vanilla Ice, sabe... Sem contar que eu me amarrava na caixa viajante do clipe.

(PAUSA EXPLICATIVA: Pra mim, os Beastie Boys são pós-Beck, porque foi nesse mesmo ano que eu vi o clipe de Sabotage e, só então, fui descobrir que por trás de No Sleep Til Brooklyn tinham uns branquelos...)



Em 95 veio a onda Indie Brazuca, mas essa história eu vou deixar pra contar depois...

sábado, 20 de setembro de 2008

O taxista executivo

Seu Luis é taxista no ponto do Robocop, na Berrini, em São Paulo.

Ele usa camisa e gravata todos os dias e, se estiver frio, ele usa um sueter daqueles que deixam você ver o nó da gravata.

Muitíssimo educado, ele não fica puxando papo. Só fala se sentir que o passageiro está aberto para isso.

Seu Luis trabalhava com Recursos Humanos, lidando com o antigo "Pessoal". Remuneração, benefícios, férias... Era disso que o seu Luis cuidava lá na empresa que ele trabalhou por 37 anos.

No início da sua carreira, ele estava fazendo um curso de inglês que o ajudaria bastante na sua carreira. O segundo modulo do curso, tinha um livro diático que contava a história do Antonio Carlos, um brasileiro que ia para Nova Jersey fazer estudar inglês.

A história era muito interessante e seu Luis ficou com aquilo na cabeça. "Se o Antonio Carlos fez, eu posso fazer também". Na época, ele conversou com a sua esposa, e os dois concordaram que isso seria muito bom para a carreira do seu Luis. Com o apoio dela, ele vendeu o carro que eles tinham e foi para Nova Jersey. Chegando lá, ele deixou as malas no aeroporto, foi até a escola, se inscreveu no curso e começou a procurar por uma família que tivesse um quarto para alugar. Depois de alguns meses, ele voltou para o Brasil fluente em inglês e pronto para perseguir seu crescimento na empresa.

Mais de 30 anos depois, ele se aposentou com toda a regalia. Em reconhecimento por todos os anos de lealdade e serviços prestados, a empresa o aposentou com uma série de benefícios, entre eles, plano de saúde vitalício para ele e para a sua apoiadora esposa, que um dia permitiu que eles se desfizessem do único bem que tinham para investir na carreira dele.

Hoje, ele é motorista de táxi porque quem trabalha não pára. E o ponto é do lado da casa dele, mesmo...

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Inimigo meu

Lá vem ela...


Country life



a GALINHA.


a GALINHA.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Som do taxi

A antiga Brazil 2000 ainda dá caldo...

Hoje a sequencia foi: Muse, Nirvana, Oasis, Beck e Queen.


NUNCA tinha ouvido Beck no rádio.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Boca sem dente...

Corrida de taxi Berrini - Paulista: 35 real.
Fazer isso assistindo DVD do Fundo de Quintal - Não tem preço.

Aquela boca sem dente que eu beijava, já está de dentadura
Aquela roupa velha que você usava......hoje é pano de chão, (mas eu mandei)
Mandei......reformar o barraco......comprei geladeira......e televisão, e você
E você me paga com ingratidão e você, e você me paga com ingratidão


Quando o taxista ligou aquele treco eu comecei a xingar mentalmente.

Na falta do que fazer durante a longa e tediosa jornada, resolvi prestar atenção.

Vou lhe contar uma história
Do meu tempo de garoto
Quem tem cabra que segure
Porque o meu bicho tá solto
Diga pro seu novo amor
Que ele é um tremendo pastel
Quero um pedaço do bolo
Se não vai dar rolo essa lua-de-mel

Eu não sou culpado meu bem
Que seu novo amor tem pavor do passado
Comprei camisa de seda, terno de linho importado
Dei molho no (meu) cabelo, fiz um pisante invocado
Mas você se casou e eu não fui convidado

Vou lhe dizer outra coisa
Sem ter medo de resposta
Quem teme águas passadas
Não nada em rio de costas
Diga pro seu novo amor
Que eu não fui e não gostei
Ninguém vai cortar a fita
Da obra bonita que eu inaugurei


Ai, gente... Só carioca sabe fazer esses sambas... Num 'dianta.



Foi a corrida de taxi mais relaxante da minha vida.

Ficou pau a pau com o taxista de Congonhas que passava o DVD do Pernalonga e, quando ele aprontava, o velho virava pra trás e me dizia: "HAHAHAHHAHHAHAHHAHAHAHAA esse coelho, hein????"