sábado, 20 de setembro de 2008

O taxista executivo

Seu Luis é taxista no ponto do Robocop, na Berrini, em São Paulo.

Ele usa camisa e gravata todos os dias e, se estiver frio, ele usa um sueter daqueles que deixam você ver o nó da gravata.

Muitíssimo educado, ele não fica puxando papo. Só fala se sentir que o passageiro está aberto para isso.

Seu Luis trabalhava com Recursos Humanos, lidando com o antigo "Pessoal". Remuneração, benefícios, férias... Era disso que o seu Luis cuidava lá na empresa que ele trabalhou por 37 anos.

No início da sua carreira, ele estava fazendo um curso de inglês que o ajudaria bastante na sua carreira. O segundo modulo do curso, tinha um livro diático que contava a história do Antonio Carlos, um brasileiro que ia para Nova Jersey fazer estudar inglês.

A história era muito interessante e seu Luis ficou com aquilo na cabeça. "Se o Antonio Carlos fez, eu posso fazer também". Na época, ele conversou com a sua esposa, e os dois concordaram que isso seria muito bom para a carreira do seu Luis. Com o apoio dela, ele vendeu o carro que eles tinham e foi para Nova Jersey. Chegando lá, ele deixou as malas no aeroporto, foi até a escola, se inscreveu no curso e começou a procurar por uma família que tivesse um quarto para alugar. Depois de alguns meses, ele voltou para o Brasil fluente em inglês e pronto para perseguir seu crescimento na empresa.

Mais de 30 anos depois, ele se aposentou com toda a regalia. Em reconhecimento por todos os anos de lealdade e serviços prestados, a empresa o aposentou com uma série de benefícios, entre eles, plano de saúde vitalício para ele e para a sua apoiadora esposa, que um dia permitiu que eles se desfizessem do único bem que tinham para investir na carreira dele.

Hoje, ele é motorista de táxi porque quem trabalha não pára. E o ponto é do lado da casa dele, mesmo...

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