domingo, 4 de maio de 2008

Warhol e Basquiat para chegar em Mapplethorpe

Richard Mapplethorpe é aquele artista que você nao deve Googlear no trabalho. Unsafe.

Unsafe.

Unsafe foi o que fez o meu professor de Artes do colégio, que em 1996 levou alguns da minha classe a Bienal. Eu tinha 15 anos e estava no primeiro colegial. Um dos artistas do ano era Andy Warhol e entre as obras selecionadas estava os Torsos.

Torsos

Sabe, eu estava ansiosa e preparada para ver os Retratos. Jamais os Torsos. Ainda mais assim, com um grupo de amigos. De repente, entramos numa sala e lá estavam pendurados inúmeros perus, muito bem retratados, em riqueza de detalhes.

TorsosTirando a parte da vergonha adolescente, eu fiquei muito surpresa, porque o trabalho de luz e sombra era muito bacana mesmo. A tal vergonha adolescente e especialmente o medo de ser apontada pela turma como a tarada da classe, fiquei com vergonha de pedir maiores explicações ao meu professor japa, que estava lá justamente pra isso. Perdi a opotunidade.

Passei o resto do dia me interessando pelo resto da exposição. Ainda lembro que tinha Jean-Michel Basquiat (era o o ano de lançamento do filme, tava todo mundo comentado, foi bem quando conheci) e Goya (com uma série de gravuras só sobre a Guerra Civil Espanhola, feitas em chapas de cobre).

Voltando para as luzes e sombras dos genitais de Warhol, meus pais sempre deram muita importância as luzes e sombras dos quadros. Sempre ficavam falando sobre isso. A Pinacoteca fez uma exposição uma vez, só sobre ´Luz e Sombra no Renascentismo´. Foi bem bacana, inclusive.

Passada a fase do susto com as indecências artísticas, continuei me interessando por Warhol, Basquiat e seus contemporêneos. It´s the end of the 90´s. O pop (quase) não morre.

Nessa época, li aquele ´Mate-me, por favor!´. Aquele da capa laranja, lembra? Mais de 10 anos depois, comprei uma versão inglesa, com os Ramones na capa, Sex Pistols na contra, e muitas, muitas fotos coloridas no meio. Era pra dar de presente, mas as coisas não foram bem e acabei ficanco com ele pra mim.

Eu adoro livros sobre rock. Tenho vários. Eles não são só sobre música. São sobre comportamente, sobre a cultura de uma época e sobre arte em geral.

Foi no ´Mate-me, por favor!´ de capa laranja que eu passei do Andy Warhol pro Mapplethorpe. Mapplethorpe era marido da Patti Smith. Ele fotografou a capa do Horses, primeiro disco dela. O livro fala bastante dele até, mas fica no aspecto social NY-anos-70.

Foi da foto do Horses (e claro, das histórias do livro) que o conheci. Mas foi da foto daquele pé em salto alto que tinha no consultorio da minha dermatologista que fiquei pensando sobre a ligação com os Torsos. Tanto contraste naquela foto.

Horses

Em 2002, na aula de foto da faculdade, eu tava falando sobre isso com o meu professor. Esse cara era muito engraçado. Eu não consigo me lembrar do nome dele, porque todos o chamavam de Papai Noel, por causa da barba branca. Apesar do apelido ridículo, ele não era um professor ruim, não. Ele que me disse que o Mapplethorpe tinha uma série de fotos muito parecida com o Torsos do Andy Warhol, em termos de trabalho com luz e sombra.

Nessa época, já éramos abençoados com o Google, e tudo ficou mais fácil.


Rear, originally uploaded by Hilly_Blue.


É uma série de nus, masculinos e femininos. Especialmente o de masculinos, ele trabalha com caras com músculos muito, muito, muito marcados. Fica super dramático, cheio de texturas.


by Robert Mapplethorpe, originally uploaded by Carrera_PanAmerica.


Depois, cheguei na série de auto-retratos. É engraçado: se você procurar por Mapplethorpe no Flickr, vai achar um monte de gente "apropriando" (ai, odeio essa expressão). É bem bacana.

Mapplethorpe

Se eu 1. não detestasse euto-fotos e 2. não morresse de vergonha de deixar alguém me fotografar, eu faria um.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sua tarada!